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sexta-feira, 15 de abril de 2011

EDUCAÇÃO, O QUE FAZER?

Diante da comoção nacional em virtude do massacre que vitimou mais de duas dezenas de estudantes indefesos em um Colégio no Rio de Janeiro, a sociedade passou a ouvir inúmeras opiniões a respeito da segurança nos educandários, inclusive pela chamada “grande mídia”, com exploração emocional e comercial do episódio durante mais de uma semana. Na verdade, o que se depreende de tudo isso é que as autoridades que se manifestaram sobre o assunto demonstraram que não conhecem a vida diária e interna dos colégios em todo o Brasil, principalmente naqueles localizados nos bairros e periferias das cidades. Seguramente, ninguém perguntou aos professores desses colégios o que acontece diariamente nas salas de aulas, como é que os alunos chegam ao colégio, qual a efetiva relação professor aluno, como os pais reagem frente ao desenvolvimento escolar do seu filho, os riscos que correm os professores e os alunos e com quem pode contar a direção dos colégios na solução dos problemas que surgem.

Certamente que a solução não está no desarmamento da população, pois todos sabem que isso não deu certo e era previsível o fracasso dessa política, pois só se desarma as pessoas de bem, já que os bandidos não terão dificuldades para importar armas clandestinamente. Em uma palestra proferida por um especialista em armamento de fogo, ouviu-se que as fábricas nacionais de armas exportam sua produção para outros países, retornando as mesmas via importação clandestina, já que as nossas fronteiras não estão guarnecidas o suficiente para impedir que tal aconteça. Ademais, quem conhece a realidade da educação no Brasil sabe muito bem que muitos alunos ingressam nas escolas armados de facas, estiletes e com de armas de fogo, muitas delas de fabricação artesanal. Assim, ameaçam colegas, professores e muitos deles possuem uma ficha policial pior do que a de muitos bandidos, estando, por vezes, a serviço do tráfico de drogas.
                       Diante dessa realidade, falta “autoridade” na educação, pois os professores se sentem intimidados e não tem condições de repreender o aluno que pratica desordens nos colégios, muitos deles não querem estudar e só vão à escola para vender drogas ou criar problemas para os que querem estudar. A insegurança nos colégios é um caso de extrema gravidade, pois os professores vivem amordaçados, tendo que trabalhar num ambiente onde se respira o medo, não só de alguns alunos insubordinados, mas daqueles que dão suportes aos menores, inclusive por parte de pais irresponsáveis que não educaram seus filhos em casa e transferem para o colégio todos os seus problemas. Conta-se que em um colégio, um aluno de nove anos agrediu a professora em sala de aula e, percebendo ela que se reagisse iria ser acusada pelas instituições que se dizem responsáveis pelo menor, se encolheu no canto da sala e apanhou até o menino resolver parar. Nenhuma providência foi tomada, mas ela disse que ficou livre de ser processada por ter se defendido das agressões do menor. Após graves ameaças de alunos menores, outro professor em Itabuna afirmou que não retornaria à sala de aula até que obtivesse garantias de segurança. No interior do Piauí, um aluno matou outro na escola inspirado no caso de Realengo.  Seguramente, tudo de ruim pode acontecer em um colégio, mas nenhum diretor tem autonomia para chamar a polícia para proteger professores e alunos. Nos países civilizados meninos de dez anos são responsabilizados pelos crimes que cometem, já no Brasil, bandidos perigosos de 16 e 17 anos são protegidos pela Lei que os tornam inimputáveis.
                      Verdadeiramente, quem discute a questão de segurança nos colégios pela televisão e por outros meios de comunicação de massa certamente que nada sabem da vida educacional. Dêem segurança aos colégios e depois perguntem aos professores o que acontecem no seu interior. Quem sabe e pode falar desse assunto são aqueles que vivem dentro dos colégios, como os professores, os funcionários e os alunos que realmente recebem educação em suas casas. É preciso que se restabeleça a “autoridade” da educação, sem a qual o sistema não terá solução.

Dr. Adilson Miranda, é advogado, vice-presidente da AAB–Associação dos Advogados da Bahia e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB.

Imagem online: Escola brasileira massacrada. Disponível em:

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