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sexta-feira, 6 de maio de 2011

MORALIDADE NA ADMINISTRAÇÃO

A esperança que a sociedade tem é que o poder judiciário se reabilite, limpando dos seus quadros alguns corruptos e maus juízes, para que possa fazer cumprir a lei, retirando do cenário político quem deveria estar cumprindo pena nos presídios, nos lugares daqueles que lá estão por terem furtado apenas uma galinha. 



Sempre que alguém fala em moralidade na administração pública, de logo se tem em mente as mazelas contempladas na esfera do poder executivo, o que se explica não só em razão da centralização e maior volume dos recursos sob seus cuidados, mas, principalmente, em virtude dos constantes escândalos que envolvem alguns gestores, ora com denúncias de locupletação de verbas públicas, ora pela malversação do mesmo erário, ora pela utilização da máquina administrativa em proveito próprio e de terceiros, quer no enriquecimento ilícito, quer nas campanhas eleitorais, uma praxe que já se instalou na consciência da maioria dos políticos e é até aceita por boa parte da população. Todavia, embora alguns setores da sociedade tenha se dedicado a demonstrar aos gestores do dinheiro do povo os rumos de uma conduta mais ética e honrada, dando grande enfoque pela retomada da moralidade na administração pública, o que se tem visto no momento é a ampliação do leque, onde instituições antes respeitadas e imunes a esses desregramentos passam a fazer parte do quadro das más administrações. Certamente que se está a falar dos poderes legislativos e executivos, aí incluindo as empresas autárquicas e todas as demais que são alimentadas com o dinheiro do povo. A esperança que a sociedade tem é que o poder judiciário se reabilite, limpando dos seus quadros alguns corruptos e maus juízes, para que possa fazer cumprir a lei, retirando do cenário político quem deveria estar cumprindo pena nos presídios, nos lugares daqueles que lá estão por terem furtado apenas uma galinha.

            Com efeito, estamos vivendo um momento de grave crise moral, onde furtar o dinheiro dos impostos que o povo é obrigado a pagar, chega a ser, em alguns casos, até motivo de “honraria”. E não importa o volume dos recursos desviados, o que é preciso é ser “esperto” para não deixar rastro e ser bem apadrinhado politicamente, o resto se conserta. Certo prefeito, após quatro anos de gestão, deixou a prefeitura como entrou, não levando consigo o que não lhe pertencia, e, com um pouco de dinheiro que amealhou, implementou uma pequena atividade e foi trabalhar para sustentar sua família. Resultado, nunca mais o povo o elegeu a qualquer outro cargo público. Muitos até comentavam: “que sujeito mais burro, devia ter saído de lá rico!?” Vê-se, portanto, que a sociedade tem boa parcela de culpa na formação dos corruptos, fazendo com que esta situação não se estanque. Nos países civilizados quem lesa o bem público não fica impune, pois isso está na consciência do povo, como um elemento inaceitável e imperdoável. É a mesma coisa quando se deixa de pagar os impostos devidos. Num país como o Brasil os valores estão sendo manipulados, nada disso é crime, antes, é uma virtude. E que não se queixem nossas autoridades quando, no futuro, tivermos construído uma maioria de falsários, corruptos, desonestos e toda a sorte de indivíduos deformados moralmente. E ainda aparecem alguns hipócritas sustentando por conveniência aquele princípio legal de que o interesse público se sobrepõe ao privado. É certo que tal princípio deve ser observado, contudo, quando não aplicado com o intuito de se desviar verbas publicas para o seu patrimônio.
             
Dr. Adilson Miranda, é advogado, vice-presidente da AAB–Associação dos Advogados da Bahia e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB.

Imagem online:Justiça Parcial. Disponível em: http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQkWfheAcpdY8Vdqd07rqHFHXM57p64L0YzJzHWi_-60qHJghy8abAkFg. [Acesso aos 05 de abril de 2011]

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