As
coisas que estão acontecendo no Brasil são inacreditáveis e o povo não sabe
mais a quem recorrer, diante de tantos absurdos e distorções que ocorrem em
suas instituições. O que mais se ouve no momento são os desvios de finalidades de
instituições e órgãos públicos, os quais foram criados na base das necessidades
do povo brasileiro, não bastassem os atos de corrupção perpetrados por aqueles
que foram eleitos ou ingressaram na atividade pública para cuidar do bem comum
e se desviaram por caminhos tortuosos, levando a nação ao desespero.
Na verdade o que se quer
falar é sobre o funcionamento de órgãos que foram criados com uma função
específica de proteger o cidadão contra os abusos dos poderosos, ouvindo os
seus reclamos, e acabaram por descambar para finalidades estranhas à sua real
função, desconsiderando a vontade dos seus verdadeiros donos ou beneficiários,
como é o caso da maioria dos sindicatos de categorias de trabalhadores, cuja
finalidade é defender os interesses dos seus filiados e terminam por se aliar
aos empregadores, principalmente na atividade pública, traindo aqueles a quem
deveriam defender. Muitas vezes exacerbam tanto na defesa que terminam por
prejudicar a vida dos trabalhadores. Há caos até de diretores que saem
candidatos para ocupar cargos políticos, como vereadores ou deputados,
governadores e até a presidente da república, numa manobra ardil que vilipendia
a verdadeira atividade sindical. O pensamento de que para se conseguir qualquer
coisa tem que se enveredar pela política, certamente que não é verdadeiro, como
também não deve ser o envolvimento sindical com os partidos políticos, isto
porque, o que mais interessa ao trabalhador é o seu emprego dignamente
efetivado.
Pois bem, nessa linha
de conduta caminham muitos órgãos do Governo, como a ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações, cujas medidas
são tomadas sempre em benefício das empresas do setor, nunca protegendo os
consumidores de telefones e internets, não punindo pelos abusos cometidos e não
cobrando as multas que lhe foram impostas. Quem não se lembra dos preços dos
telefones fixos? O sujeito era obrigado a comprar sem saber as ações da
Telemar/Telebahia se quisesse possuir uma linha. Assim, o sistema foi financiado
pelo povo brasileiro; a ANEEL
– Agência Nacional de Energia Elétrica, que impõe aos consumidores tarifas
escorchantes com suas bandeiras verde, amarela e vermelha, inclusive, cobrando taxas imorais para investimentos,
como se o empreendimento pertencesse ao consumidor. E o que se falar da
cobrança da iluminação pública, inclusive de lugares que não possuem sequer uma
lâmpada? E na zona rural, onde a energia dos postes sai do medidor da fazenda?
Esse é um furto qualificado, porque nas cidades a energia dos postes não sai do
medidor das residências; IPHAN
– Instituto do Patrimônio Histórico, que não cuida de conservar nada, deixando
as ruínas prestes a cair nas cabeças das pessoas, mas fica impedindo que o
progresso chegue no lugar com edificações novas; IBAMA, que inferniza os produtores rurais e ao próprio
Governo nos seus projetos – veja-se o que acontece com a “Ferrovia Leste Oeste”
e o novo porto de Ilhéus. Em qualquer lugar do mundo essa obra já teria sido
concluída, mas permite que falsas comunidades indígenas
derrubem toda a madeira nobre das matas para vender; setores do Ministério do
Trabalho que dificultam o funcionamento de empresas, impondo multas absurdas
que resultam em sua falência, fechamento centenas de postos de trabalho.
Assim, são inúmeras as
entidades que desservem ao cidadão, mas são por ele mantidas, como se fossem
parasitas atreladas às suas costas. Na verdade, à exemplo dos comentaristas de
plantão da grande mídia, muita gente opina sobre esses temas sem ter o menor
conhecimento da matéria, e o que é pior, vão ocupar o controle dessas
instituições sem saber do que se trata. Certa feita em uma reunião sobre
ecologia e meio ambiente para a implantação do complexo de celulose em Teixeira
de Freitas, perguntei a um desses dirigentes se o feijão dava na raiz, no caule
ou nas ramas, e não obtive resposta. Tem muita gente no lugar errado, como tem
muita gente decidindo contra a vontade do povo.
Dr. Adilson Miranda de Oliveira,
advogado, presidente das Comissões de Direitos Humanos, e de Direito e
Prerrogativas da OAB-Ibicaraí, e Vice Presidente da Associação dos Advogados da
Bahia.
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