BOSCH , (detalhe do mau ladrão) |
Todos conhecem o episódio da
história do Brasil, onde seus líderes foram traídos na Inconfidência Mineira, movimento
idealista e libertário dos brasileiros, o qual foi abortado por um dos seus
integrantes, o Silvério dos Reis, justamente, com o propósito de obter vantagem
pessoal, em detrimento dos reais interesses do povo, levando à morte por
enforcamento o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, e a prisão
de muitos outros. Pois bem, o nome do traidor do movimento se transformou num
sinônimo de “traidor”, “traíra”, “enganador”, “falso”, em suma, pessoa em quem
não se pode confiar, pois é capaz de se vender por qualquer coisa; pessoa sem
caráter, sem sentimento social e desprovida de fidelidade e de companheirismo.
Pensando assim e fazendo um comparativo com o que se
observa nos dias atuais, ver-se, sem maiores dificuldades, que o sentimento
daquele mesmo personagem da Inconfidência Mineira tomou conta de muita gente
que foi e ainda está sendo guindada a ocupar postos de destaques na vida da
nação, inclusive, muitos políticos e agentes públicos do estado brasileiro.
Desta forma, quando alguém não se comporta dentro
dos limites de sua função, seguramente que aí se faz presente o personagem
traidor como que incorporado no gestor atual, na medida em que há uma
consciência social que dele reclama um proceder, nos exatos termos das regras
da sua atividade, mas suas atitudes negam o que dela se espera. Assim, quando
elegemos alguém, damos a essa pessoa uma procuração para que nos represente,
não podendo ela agir ao seu bel prazer. Quando alguém é nomeado para uma função
pública, quer por merecimento, quer por concurso público, essa pessoa é
representante do estado brasileiro, empregado do povo que é o verdadeiro dono,
não podendo se comportar como se fosse proprietário da coisa pública, em muitos
casos um “proprietário” deseducado, corrupto e desonesto.
Notadamente que a vida em sociedade impõe regras
de conduta social, em que o indivíduo busca se educar, num processo evolutivo
que o leva a se diferenciar daqueles deformados moralmente. Por isso que muitas
entidades da sociedade civil, como a Igreja, a Maçonaria, o Lions, o Rotary e
tantas outras, tem desenvolvido uma função nobilitante no seio social,
transformando pessoas em verdadeiros cidadãos, num processo inegável de
multiplicação de indivíduos com valores, os quais foram relegados por nossa
sociedade, face incursões desastrosas nas políticas educacionais do País.
Sentindo essa problemática, a maçonaria fez veicular esta semana um convite
para um evento em Salvador, onde aparece a seguinte frase: “Quando
nos melhoramos, estamos ajudando na construção de luma sociedade justa e
perfeita”. O que significa dizer que é preciso caminhar nesse processo
evolutivo, de tal forma a que se possa enviar pessoas dignas para cuidar do que
pertence ao coletivo, sem se descurar dos direitos individuais consagrados pelo
texto Constitucional, naturalmente, que longe da figura nefasta dos traidores
da nação. Portanto, Silvério dos Reis ainda vive na vida de muitos brasileiros,
notadamente, na daqueles que, na atividade pública ou privada, se comportam
como que se o mundo fosse somente seu, ou que só ele precisa viver, ou ainda,
porque ele pensa que nunca irá morrer.
Dr.
Adilson Miranda de Oliveira, advogado, presidente das Comissões de Direitos
Humanos, e de Direito e Prerrogativas da OAB-Ibicaraí, e Vice Presidente da
Associação dos Advogados da Bahia.
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