Rui Barbosa |
A crise nacional
apresenta contornos indesejáveis na medida em que se constata a presença de um
número significativo de autoridades que não dignificam os cargos que ocupam em
diversos setores da vida do Estado Brasileiro. É inegável que vivemos uma séria
crise de negativa de caráter, onde pessoas tidas até pouco tempo como honradas,
não resistiram aos atrativos do assédio moral, pensando estarem imunes e
protegidos por partidos políticos, numa demonstração clara de que o caráter de
muita gente não resiste à luminosidade da honra e da dignidade do cargo que
ocupam.
Diante de tão dura
constatação, forçoso é reconhecer que o nosso sistema democrático padece de
efetividade, considerando que as leis da Nação nem sempre são aplicadas com a
generalidade devida e dentro do tempo necessário, de tal forma que a injustiça
se consagra pela falta de pronunciamentos jurisdicionais compatíveis com as
necessidades da sociedade. Daí porque, somos o que somos pela falta de
efetividade do direito que gera, por vezes a impunidade, e por outra a
punibilidade descabida e ou excessiva.
No mundo civilizado a esperança do povo reside,
justamente, na seriedade e firmeza com que a justiça trata os conflitos e os
desvios de caráter. É uma garantia que deixa a sociedade tranquila, pois os
demais poderes podem até cometer seus desvios de função, mas quando a matéria
chega ao poder judiciário tudo se restabelece com a aplicação do princípio da
lei. Aí estando implícito a ética, a moral e a dignidade, inclusive, os da
autoridade com o seu cargo. Mas, quando se observa que até na Suprema Corte da
República há ministro que foi nomeado de forma pouco convencional, e que muda
de turma julgadora a depender do interesse do sistema dominante, seguramente,
que a esperança do povo fica deveras comprometida.
Muitos
gostam de citar a frase “cortar na carne”, para dar a ideia de que é preciso
punir àqueles que cometeram deslizes, mesmo que sendo das hostes dos
dominadores do poder, a fim de que a dignidade do cargo retome o seu lugar. A
luta da sociedade não é fácil para destronar os “parasitas” que detém
relevantes posições de comando na sociedade, ainda que os mecanismos de
controle assim o permitam. Mas a luta tem que ser nessa direção, sem que seja
preterida ou negociado o que é mais digno para o povo brasileiro. É preciso
expurgar dos postos de comando e de decisórios aqueles que não querem trabalhar
ou que não se portam com a dignidade que o cargo exige.
Dr.
Adilson Miranda de Oliveira, advogado, presidente das Comissões de Direitos
Humanos, e de Direito e Prerrogativas da OAB-Ibicaraí, e Vice Presidente da
Associação dos Advogados da Bahia.
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