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sexta-feira, 27 de junho de 2014

DISCRIMINAR PARA DOMINAR

Na matéria anterior nos debruçamos sobre a questão da diferenciação entre um território, um povo e uma nação, para nos situar frente aos novos conceitos político-sociológicos que envolvem o tema. Assim, em continuação a esse mesmo assunto, buscamos ver o que, verdadeiramente, existe por trás disso e a quem interessa criar no Brasil uma espécie de apartheid, prática nojenta e intolerável em todo o mundo, da qual o povo sul africano se libertou e vive hoje em paz e experimentando franca civilidade e progresso.

Sabemos, outrossim, que algumas práticas políticas orientam na direção do “quanto mais analfabetismo e miséria, melhor”, na base da submissão do povo, o qual, pela sua própria fragilidade, se submete à vontade daqueles usurpadores que se passam por bondosos. Assim, contrariamente ao que certos políticos fazem, não é bom ver o nosso povo analfabeto, dependente de migalhas e amordaçado, porque isso não traz o bem de ninguém, nem mesmo daqueles aproveitadores do dinheiro público. A liberdade, a igualdade e a generalidade, são pilares onde se assentam a filosofia da Constituição da República do Brasil, ainda que em alguns dos seus artigos se perceba a negativa desses fundamentos, como exemplificado na nova orientação dada aos povos indígenas no art. 231 a seguir:

 “Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. ” (Grifo nosso).

Nessa linha de entendimento, aí está uma nação que não é a brasileira, sim, porque existe um povo, com raça definida, costumes próprios, língua só deles, religião oficial, “direitos originários”, ou seja, normas legais próprias, e mais ainda, “um território demarcado pelo Governo e todo um aparato de segurança externa para o proteger”. Ora, isso acontece com todos os brasileiros? Seguramente que não. Somos todos trabalhadores que luta arduamente para sustentar toda essa gente, sem ter nenhuma proteção, saúde, segurança, educação e tantas outras necessidades, e em muitos casos, nem mesmo uma casa para morar.
 

Pois bem, como se entender todos esses conceitos, sem se falar na definição sobre o direito de propriedade e tantos outros, quando, se tem as chamadas Reservas de cotas para negros e índios, regras específicas para os quilombolas, os sem terras, sem tetos e inúmeras organizações clandestinas? Somos ou não somos um povo dividido pela prática rasteira de muitos políticos, quando, em tempos não muito longe, vivíamos todos unidos e sem quaisquer discriminações. Raramente alguém se queixava de ter sido discriminado por ser de cor ou raça específicas, mas por ser pobre e analfabeto isso sim, sempre se ouviu dizer que o sujeito “vale pelo que tem”. Como hoje todos são pobres, principalmente na região do cacau, podemos afirmar que somos todos iguais e não precisa que o Governo venha nos ensinar questões que infelicitam o nosso povo, inclusive, dizer como devemos criar os nossos filhos, como se os nossos pais tivessem dado motivo para o aumento dos níveis de criminalidade que existem hoje.

Dr. Adilson Miranda de Oliveira é advogado, presidente das Comissões de Direitos Humanos e de Direito e Prerrogativas da OAB-Ibicaraí e Vice Presidente da Associação dos Advogados da Bahia.

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