Vive-se um momento impar
de intranquilidade na vida dos brasileiros, em que a maioria dos políticos busca
se afirmar nos seus respectivos postos, marcando terreno já com vista às
próximas eleições, ora atribuindo mazelas aos seus antecessores, muitas delas
infundadas, ora buscando perseguir pessoas que estão sob o seu comando,
principalmente funcionários públicos que se encontram protegidos pelo manto da
estabilidade legal e Constitucional.
Diante dessa realidade,
muitos deixaram de pagar os salários dos funcionários que trabalharam no mês de
dezembro do ano pretérito, inclusive dos professores e daqueles ligados à
saúde, cujas verbas são “carimbadas”, ou seja, só podem ser gastas nesses
setores, sob a falsa alegação de que quem tinha que pagar era o ex-gestor, o
que é uma falsa informação prestada à sociedade, pois todos sabem que os
salários do mês de dezembro são pagos até o dia dez do mês subsequente e com os
recursos que chegam até aquele dia. Portanto, não poderia o gestor anterior
pagar um salário antecipado a quem ainda se encontrava em período aquisitivo do
direito. E o pior é que certa parcela da imprensa embarca nessa mentira e tenta
criar um quadro negativo daqueles que deixaram o poder, não que eles sejam
santos, mas nesse particular é preciso que se diga a verdade para as pessoas
pouco informadas. Em meio a essa desordem, sofrem as famílias pela falta do
numerário para se manter, e passam a vivenciar toda a sorte de humilhações e
frustrações, com visível perda de sua autoestima. Também, muitos daqueles que
foram reeleitos não pagaram ditos salários, além do 13º e do terço das férias,
este em relação aos professores, mas todos sabem que a razão foi os gastos com
a campanha eleitoral. Daí porque, ante a falta de mecanismos eficazes, a defesa
daquele princípio de que a Lei deve proibir a reeleição, posto que cargo
político não é emprego e todos devem procurar o que fazer depois de sua gestão.
Ademais, não é raro ver
pessoas sendo remanejadas ou transferidas dos seus postos de serviços original
para setores diversos, principalmente, em vilas, zonas rurais ou em localidades
de difícil acesso, sem lhe propiciar meios de transportes e alimentação
necessários. Tudo por conta de uma manobra espúria de perseguição política, a demonstrar a pessoalidade com que o Gestor conduz os
interesses públicos, com o que, seguramente, pratica atos prevaricativos e de
improbidade administrativa, já que viola conscientemente direito de funcionário
protegido pela estabilidade, devendo o Ministério Público adotar as medidas
legais de sua competência para apurar tais desmandos. Este é, sem dúvida, o
caminho mais fácil utilizado pela maioria dos políticos, os quais, não podendo
demitir funcionários estáveis que votaram contra, ou seus adversários políticos
que estão na administração pública, reduz seus salários, ou os submetem a
situações vexatórias, deixando-os em disponibilidade sem remuneração, na
maioria das vezes admitindo pessoas sem o devido processo seletivo, muitas
vezes com autorização do Legislativo, para ocuparem tais vagas. Ora, com atitudes
dessa natureza, e sem se preocupar em se ater à legalidade, ditos políticos
preferem se valer do autoritarismo, como o de quem administra uma empresa privada,
onde tudo é permitido ao Administrador, desde que seus atos não sejam
afrontosos a Lei vigente, deixando de seguir a orientação legal para a gestão
pública, onde o gestor não pode praticar nenhum ato sem que lei específica o
autorize. Sem dúvida, que é uma covardia intolerável essas práticas na vida
nacional, tendo como alvo pessoas indefesas.
Certamente, que essas coisas
só acontecem porque os políticos sabem que podem contar com a tolerância e a
passividade do povo, que, em nome de um individualismo egocêntrico, não forma
uma consciência de cidadão que permita, através do voto e de manifestações
claras, banir da vida pública pessoas de caráter duvidoso. Ora, todos pensam em
si primeiro para depois pensar no coletivo, o que até certo ponto tem sentido,
notadamente quando se sabe da insegurança vivida pelas pessoas em quase todos
os setores da vida nacional. Todavia, é imperioso que se detenha um pouco nas
questões que afetam o todo da sociedade, pois a figura do Estado brasileiro, em
todos os seus níveis, se distanciou do seu verdadeiro objetivo, para se
constituir em um MONSTRO INDOMÁVEL que a todos devora, quer pelas práticas
políticas dos seus gestores; quer pela escorchante carga tributária que se
estabeleceu ao longo dos anos; quer pela sanha corruptiva que tomou conta
daqueles que tem o dever de gerir a coisa pública dentro dos ditames da lei.
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