No momento o que mais se comenta no País são as
eleições municipais para o preenchimento dos cargos de prefeito, vice-prefeito
e vereadores, tendo como enfoque saber quais os candidatos que podem ou não
concorrer ao pleito, já que quando exerceram o múnus público não se houveram bem, pelo menos sob a ótica dos
Tribunais de Contas dos Municípios. Na verdade, a questão merece uma análise
mais ampla e sem se ater aos diplomas legais ora em voga, para se adentrar nos
aspectos da moralidade e da razoabilidade que norteiam o tema.
Assim, é de se entender que o indivíduo ao se
candidatar a qualquer um dos cargos mencionados, de antemão já sabe da
complexidade e dos problemas que terá que enfrentar, caso seja eleito. Tanto
isso é verdade, que alguns políticos fazem publicar durante a campanha
eleitoral sua plataforma administrativa, demonstrando ao eleitor tudo aquilo
que poderá fazer, cujas realizações o atual gestor não quis realizar. No caso
dos candidatos a vereador a situação é por demais interessante, pois o sujeito
não deve prometer nada a ninguém, exceto que irá cumprir honradamente a outorga
que o eleitor lhe conceder. Pois bem, ultrapassada essa fase e ao tomar posse
do cargo, o sujeito começa a dizer que não tem recursos para nada; que a
Justiça bloqueou o dinheiro para pagar as dívidas feitas pelo seu antecessor;
que a folha de pagamento está muito alta, e por isso vai ter que demitir
funcionários; que a receita caiu, e muitas outras coisas, quando não muda de
partido motivado por fatores escusos. Todavia, contrata para cargos de
confiança dezenas de apaniguados políticos, compra automóveis novos, e o seu
patrimônio só faz aumentar, havendo até casos de políticos que multiplicaram
seus bens por dezenas e até centena de vezes durante sua gestão, sem ter
recebido nenhuma herança ou acertado na loteria.
Destarte, a coisa se agrava muito mais quando se trata
de reeleição ou de candidato que já exerceu um mandato, pois os mesmos já tiveram
experiências efetivas na ocupação de cargo público e, por isso mesmo, não tem o
direito de se utilizar dessas desculpas “esfarrapadas”. Ora, se o político
sofre tanto estando no exercício do seu mandato, porque eles se “descabelam”
para ganhar as eleições novamente, investindo uma verdadeira fortuna na
campanha? Seguramente que por alguma razão óbvia, mas sobre esse assunto
falaremos em outra oportunidade. Certo prefeito gostava muito de beber cerveja
todos os dias e, sentindo saudades dos velhos tempos, se aproximou de um dos
seus poucos “amigo de copo” e lhe disse: “não aguento mais cuidar dessa
prefeitura, são tantas dificuldades, chateações, gente chata, o dinheiro não
está dando, etc.” então o seu amigo respondeu-lhe: é mesmo fulano “passe o
mandato para o seu vice-prefeito e vamos tomar a nossa cervejinha tranquilos”.
O tal prefeito fechou a cara e mudou logo de assunto.
Outra coisa que não se concebe é o fato de certos candidatos
fazerem da atividade política uma profissão, em que ele tem que ficar ali o
tempo todo, tanto que passam a vida inteira sem fazer outra coisa, senão
envolvidos nessa atividade. Há até aqueles que não sabem fazer outra coisa
mesmo, pois quando estão fora do poder enfrentam dificuldades até para se
sustentar. Daí se entender que ele não tem condições de cuidar de sua vida ou
do seu patrimônio pessoal, mas se acha apto para gerir a coisa pública,
simplesmente porque o poder público não vai à falência, pois gasta-se de
qualquer forma todo o dinheiro público que chega em um mês, isto porque outra
montanha de recursos haverá de chegar no mês seguinte, e assim por diante.
Certamente que em um país pouco civilizado não deveria
haver reeleição, pois, diante da falta de mecanismos ágeis para afastar e punir
um político, o mesmo traz consigo todas as mazelas da primeira gestão, sem se
levar em conta a inevitável utilização da máquina administrativa em sua
campanha, desigualando os concorrentes do pleito. Ademais, se a atividade
política não é uma profissão, poderia muito bem ser exercida sem remuneração,
pelo menos no legislativo, como aconteceu após a revolução de 1964, pois é uma
honra para o cidadão prestar um serviço desinteressadamente à sua comunidade,
como fazem os membros do Rotary, do Lions Clube, da Maçonaria, e todos aqueles
que fazem parte de uma instituição da sociedade civil.
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