O título dessa matéria foi uma
frase utilizada no governo Vargas, a partir de 1930, para demonstrar a
necessidade de se acabar ou diminuir a incidência da formiguinha intitulada saúva,
a qual era capaz de devorar uma “roça” em pouco tempo, de forma que os
agricultores tinham muita dificuldade de produzir alimentos porque a quantidade
de formigas era muito grande. Na verdade, essa frase surgiu pela primeira vez
no livro do naturalista francês Saint-Hilaire, intitulado de “Viagem à
Província de São Paulo”, publicado no século 19, local onde a incidência da
praga era maior.
Todavia, tal frase foi
utilizada nos anos trinta para definir diversas situações, como foi o caso do
escritor Mario de Andrade no seu Macunaíma: “Pouca saúde e muita saúva, os
males do Brasil são”, mas o tema também foi cantado por Ary Barroso.
Seguramente que a saúva sempre foi símbolo de devastação, pobreza rural, luta
do lavrador para retirar o seu sustento do trabalho com a terra, sanguessuga
(parasita que suga o sangue dos animais), miséria, e tantos outros.
Com efeito, se já nos anos
trinta havia uma crítica às ações dos políticos, tanto que Mário de Andrade os
comparava às saúvas, nos dias atuais a matéria ganhou mais adeptos ainda,
quando se contempla a malversação dos recursos públicos e a má vontade dos
governantes em cortar gastos com as mordomias e os desperdícios, preferindo
voltar-se contra os brasileiros, no sentido de deles retirar mais dinheiro
através do aumento de impostos e recriação da CPMF, agora não mais com a taxa de
0,2% sobre as operações bancárias, mas de 0,38%, numa manobra ardil e vergonhosa
na qual estão envolvidos quase todos os governadores e prefeitos do País, os
quais foram orientados a pressionarem os deputados federais e senadores a
aprovar esses impostos, sob a promessa de destinação de parte deles aos estados
e municípios. Pergunta-se então: essa gente é mesmo representante do povo? Ou
estão traindo o eleitor que o elegeu, usurpando o poder e cuidando dos seus
próprios interesses? Sem dúvida, é uma questão de falta de caráter.
Certamente que estamos de novo
frente a um número gigantesco de saúvas, praga esta não erradicada
convenientemente, pois, percebe-se que elas se multiplicaram sobremaneira, de
tal forma que não se está sabendo como combatê-la. Mas essa gente está
brincando com o povo brasileiro, que está aparentemente indiferente a tudo o
que está acontecendo, mas que em dado momento pode levantar-se e aí a coisa vai
ficar muito séria. Daí porque, o Governo Federal e alguns políticos, estão
preocupados com a maior mobilização social dos últimos tempos, a qual começa a
tomar vulto na internet, com data de saída às ruas ainda não marcada, com o
propósito de exigir mudanças efetivas e sérias para acabar com a roubalheira,
os desperdícios e os desmandos na atividade pública. Induvidosamente, é preciso
aplicar um inseticida mais poderoso, já que eles se acostumaram com aquele até então
utilizado, mas que seja sem violência, sem depredação do patrimônio público e
privado, sem vandalismos, sem black-blocs, porque senão estaremos lutando
contra a sociedade e nos igualando às saúvas.
Dr.
Adilson Miranda de Oliveira, advogado, presidente das Comissões de Direitos
Humanos, e de Direito e Prerrogativas da OAB-Ibicaraí, e Vice Presidente da
Associação dos Advogados da Bahia.
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