Arx da Costa Tourinho |
O tema ora proposto nos remete
ao reconhecimento de profissionais do Direito que se destacaram e ou se
destacam em uma profissão que se caracteriza pelo profundo conhecimento dos
problemas humanos e pela efetivação continuada da ciência jurídica, sempre na
construção de teses para a elucidação do reconhecimento e consumação da
JUSTIÇA. Profissionais dessa “estirpe”, induvidosamente, se torna cada vez mais
rara, na medida em que os mecanismos da modernidade praticamente impedem os
novos profissionais de pensar o direito como lógica a se buscar, na busca de
uma aproximação cada vez maior do sentido de justiça, dando preferência à
praticidade estéril e sem a experimentação laboratorial de um trabalho
científico.
Com efeito, é inegável que
estamos vivenciando um momento de extrema cegueira intelectual motivada por
inovações introduzidas, se por um lado, em razão do avanço das tecnologias,
estas utilizadas de forma desmedida em todas as atividades dos seguimentos
sociais; por outro, tendo como mentor a
intromissão indevida de movimentos políticos espúrios que se sentem no direito
de criar mecanismos para dominar tudo e a todos, para introduzir na sociedade
projetos políticos, cujas ideologias eles próprios não são capazes de seguir.
Pois bem, diante de todos
esses fundamentos, dá para se perceber que a notabilidade do saber jurídico
está cedendo lugar à mediocridade e ao oportunismo, estes sempre estribados no
interesse individual, em detrimento do sentimento coletivo, principalmente, na
direção de uma consciência do que seja a verdadeira justiça. Assim, como não se
homenagear ícones do direito que foram
sentinelas da Ordem Jurídica, com a exposição de suas teses interpretativas da Ciência
do Direito em todos os níveis da atividade pública, tanto nos tribunais como na
política, as quais livraram o nosso povo de se enveredar por caminhos
tortuosos? Veja-se, portanto, que essas ações não ocorriam aleatoriamente, mas
fundadas em um pensamento científico que nascia dos embates travados nas
academias, nos tribunais e no mundo político. Tratavam-se de fundamentos postos
em todos os níveis, com resultados efetivos que extrapolavam o ambiente onde os
mesmos se davam, servindo de parâmetros para que neles a sociedade se
espelhasse, formando opiniões e homens dignos em seu mundo de influência.
Contrariamente a tudo isso, o
que se vê no momento é uma advocacia de internet, em que o profissional tem
preguiça de pensar o direito, agindo como se possuísse um carimbo na mão para
tudo, bastando que se adapte o caso concreto ao tipo ali descrito. De igual,
modo assim se comporta o julgador, tem preguiça de ler e de pesquisar para
formar o seu convencimento, decidindo simploriamente sobre a vida das pessoas
sem ter a certeza de que aquela é a medida mais adequada. Pecam nesse sentido
as escolas, que incutem na cabeça dos estudantes ideias novas que substituem os
livros pelo computador para nele buscar todas as respostas, para todos os
problemas.
Por fim, temos uma sociedade
vulnerável a qualquer coisa que se diga e dependente da internet. Temos
legisladores que não sabem sequer falar direito, quanto mais desenvolver um
pensamento; mas são eles que estão deformando as nossas leis. Temos governantes
que desprezam o estudo acadêmico de verdade, preferindo macular uma falsa
intelectualidade através de fornecimento de diplomas, cujos profissionais são
praticamente analfabetos e não se sentem aptos a exercer suas atividades; tudo
para fornecer números positivos aos organismos internacionais. Temos uma
imprensa que não se encontra comprometida com os interesses do povo, mas
curvada aos detentores do poder. Daí porque, é preciso pensar, sem pressa e com
a devida técnica, à exemplo dos grandes nomes como: Rui Barbosa, Otávio
Mangabeira, Josaphat Marinho, Arx Tourinho, J. J. Calmon de Passos, Francolino
Neto, Sadala Maron, Thomas Bacellar e tantos outros notáveis, inclusive, alguns
que viveram e ainda vivem em nossas cidades do interior. Esses homens deram e
outros ainda dão uma inegável contribuição para a melhoria de vida da
sociedade, valendo-se, inquestionavelmente, do seu inegável saber jurídico e
exemplo de homem probo.
Dr.
Adilson Miranda de Oliveira, advogado, presidente das Comissões de Direitos
Humanos, e de Direito e Prerrogativas da OAB-Ibicaraí, e Vice Presidente da
Associação dos Advogados da Bahia
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