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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

VAIDADE DAS VAIDADES

 A advocacia e as profissões dela emanadas estão passando por um processo mutatório preocupante, na medida em que muitos daqueles que se formam em direito não são vocacionados para a atividade judicante, muito menos para as demais profissões que requerem um conhecimento jurídico. Nessa linha de pensamento, tem-se como certo que fatores estranhos tem contribuído para que a coisa caminhe em uma direção errada, conquanto a prestação desses serviços à sociedade tem sofrido na qualidade e na quantidade, sem que se veja no momento uma solução para o problema, já que a questão goza de uma complexidade jamais vista.
                        Na verdade, se temos um contingente considerável de advogados sem preparo e desmotivados, por outro, vemos os cargos de juízes, promotores, delegados de polícia, procuradores, escrivães de cartórios, e tantos outros, sendo preenchidos por profissionais sem a devida qualificação, não só no que pertine ao mínimo necessário de conhecimento jurídico, mas, principalmente, no que se refere ao quadro emocional, o que demonstra que tais pessoas não tiveram uma educação doméstica capaz de lhe dar sustentação no relacionamento social, sim, porque todas essas profissões lidam diretamente com as pessoas, e isso se percebe pela simples análise do seu comportamento no trabalho quando atende ou diz que não atende o cidadão; quando se comporta nas demais atividades sociais; e até mesmo no relacionamento dentro da família a que pertence.
                        Pois bem, estamos diante novamente daquele fenômeno que sempre nos debruçamos quando proferimos conferência sobre ÉTICA, pois aí está o diagnóstico feito por cientistas sociais, com a demonstração clara de que a sociedade perdeu em sua trajetória elementos irrenunciáveis no controle e na educação dos filhos, cujos efeitos hoje se contemplam em diversas esferas da atividade humana, dentre elas a militância política.
                       Destarte, sabemos que o avanço das influências externas, motivadas pelo descontrole dos meios de comunicação de massa; o avanço descontrolado dos mecanismos cibernéticos; a permissividade desenfreada do rompimento de valores, tem feito com que tudo seja relegado a coisa sem importância, para dar lugar ao que antes era considerado como errado. Veja-se o que acontece nos educandários, onde os professores são tratados como castas inferiores, pois qualquer “moleque” sem educação tem a ousadia de compeli-los junto às autoridades valendo-se de sua idade. Nessa hora aparece todo um aparato de proteção ao menor, sem querer saber o que ele fez ou é capaz de fazer.
                       Seguramente, que tudo isso tem contribuído para que tenhamos profissionais da área jurídica sem o devido comprometimento com o ordenamento pátrio. Quem antes via um juiz se sentir como se fosse um “Deus”? Quem antes via um advogado vendendo cocada na feira para se sustentar? Quem antes via um delegado de polícia, escrivães, procuradores e defensores, sendo presos por atos de corrupção? Quem via um prefeito, um vereador, um ministro ou qualquer outro servidor de alto escalão serem presos e algemados por terem furtado o dinheiro público? Certamente que são coisas atuais, depois que se abandonaram valores morais e éticos gestados no seio da família.
                 Desta forma, lamentamos imaginar que estamos muito longe de termos uma sociedade que repudie todas essas coisas, não repudiando enquanto não está no poder. É preciso que aqueles que estão no momento pensando em colocar seus nomes a apreciação pública, quer como candidatos a cargos políticos, quer como candidatos a ingressar na atividade jurídica por concurso público, busque conhecer tecnicamente da matéria, mas que se eduque dentro de casa para que não saia por aí praticando os devaneios que tanto infelicitam a sociedade.

Dr. Adilson Miranda, é advogado, vice-presidente da AAB–Associação dos Advogados da Bahia e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB.



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