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quinta-feira, 30 de agosto de 2018

FALHA DE CARÁTER OU UM FENÔMENO SOCIAL?

As eleições deste ano apresentam situações curiosas e intrigantes para os estudiosos e cientistas sociais, na medida em que não se tem resposta ou explicação lógica para o que acontece nas relações entre candidatos e eleitores, de tal forma que valores são efetivamente suprimidos em detrimento de nomes e não de princípios, com o que, induvidosamente, pessoas não são mais reconhecidas pelo seu caráter e elevado valor moral e ético dentro da sociedade.
Diante de tal constatação debatem aqueles que se ocupam de explicar os chamados fenômenos sociais, indagando a respeito da preferência de pessoas honradas por candidatos comprovadamente corruptos, desonestos, irresponsáveis, trapaceiros e sem o menor pudor? Na verdade, sabem essas pessoas de antemão que se eles forem eleitos farão tudo de novo, pois não demonstram qualquer tipo de arrependimento, como é o caso dos ex-presidentes “Lula”, Dilma e seu grupo; da maioria dos membros do Congresso Nacional, como o Aécio Neves; e de muitos governadores e deputados estaduais. Com efeito, as pesquisas mostram que se candidatos todas essas pessoas serão eleitas, muitas delas em primeiro lugar.
Ora, como se explicar isso? Pois não se trata aqui daquele fenômeno sociológico em que o indivíduo na multidão pode ter um comportamento diferente daquele de quando se encontra sozinho. A influência da multidão pode desencadear na pessoa atitudes que jamais teria em sua plena consciência. Pois bem, então o que move milhares ou milhões de pessoas honradas a declararem apoio a essa gente? Se o fenômeno não se explica sob a ótica das ciências sociais, então poderá se adentrar pela tese de que o que está acontecendo nada mais é do que um desvio de conduta, motivada pela falha de caráter vislumbrada durante a infância na construção da sua personalidade.
Todavia, o assunto não se esgota nas teorias já acima levantadas, isto porque, ultrapassadas as eleições, essas mesmas pessoas retomam sua consciência e voltam a desfrutar de todos aqueles valores éticos, morais e de caráter ilibado de quando antes do pleito, como se nada tivesse acontecido. Ora, isso é uma anomalia inexplicável e inaceitável em sua sociedade que busca evoluir para um estágio de desenvolvimento de primeiro mundo, pois, ou se caminha na direção do que é certo, justo e honrado ou se fica no terra-terra dos medíocres, com o agravamento de que em toda eleição tal fenômeno se repetirá, afastando o homem honrado de sua própria realidade em que ele próprio não se reconhece, para satisfazer a um processo eleitoral indecente que envergonha a todos. Assim, já dizia Rui Barbosa em um de seus discursos: “...tenho vergonha de mim mesmo”.
Por outro lado, é intrigante o fato de se ver pessoas comprovadamente honradas e dignas quando no exercício da atividade privada, comprando e pagando seus compromissos e sendo respeitadas por suas ações. Todavia, quando se dispõem a exercer qualquer cargo na vida pública se transformam em pessoas indignas e repudiadas pela sociedade em que vivem. Assim sendo, o que leva o indivíduo a se comportar dessa forma? Ele perdeu o seu caráter ou colocou este de férias? Sem dúvida que são questionamentos que merecem a atenção das pessoas de bem, inclusive, daqueles que se dispõem a exercer cargos na honrosa vida política. As questões ora levantadas ficam em aberto para que se possa discutir, não tendo essa matéria a pretensão de esgotar o assunto, sendo uma contribuição aos que gostam de pensar.  

                                   Dr. Adilson Miranda de Oliveira, advogado, Presidente das Comissões de Direitos Humanos, e de Direito e Prerrogativas e Diretor Tesoureiro da OAB-Ibicaraí e Vice-Presidente da Associação dos Advogados da Bahia.




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