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sexta-feira, 6 de novembro de 2015

OU O BRASIL ACABA COM A SAÚVA OU A SAÚVA ACABA COM O BRASIL

O título dessa matéria foi uma frase utilizada no governo Vargas, a partir de 1930, para demonstrar a necessidade de se acabar ou diminuir a incidência da formiguinha intitulada saúva, a qual era capaz de devorar uma “roça” em pouco tempo, de forma que os agricultores tinham muita dificuldade de produzir alimentos porque a quantidade de formigas era muito grande. Na verdade, essa frase surgiu pela primeira vez no livro do naturalista francês Saint-Hilaire, intitulado de “Viagem à Província de São Paulo”, publicado no século 19, local onde a incidência da praga era maior.

Todavia, tal frase foi utilizada nos anos trinta para definir diversas situações, como foi o caso do escritor Mario de Andrade no seu Macunaíma: “Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são”, mas o tema também foi cantado por Ary Barroso. Seguramente que a saúva sempre foi símbolo de devastação, pobreza rural, luta do lavrador para retirar o seu sustento do trabalho com a terra, sanguessuga (parasita que suga o sangue dos animais), miséria, e tantos outros.

Com efeito, se já nos anos trinta havia uma crítica às ações dos políticos, tanto que Mário de Andrade os comparava às saúvas, nos dias atuais a matéria ganhou mais adeptos ainda, quando se contempla a malversação dos recursos públicos e a má vontade dos governantes em cortar gastos com as mordomias e os desperdícios, preferindo voltar-se contra os brasileiros, no sentido de deles retirar mais dinheiro através do aumento de impostos e recriação da CPMF, agora não mais com a taxa de 0,2% sobre as operações bancárias, mas de 0,38%, numa manobra ardil e vergonhosa na qual estão envolvidos quase todos os governadores e prefeitos do País, os quais foram orientados a pressionarem os deputados federais e senadores a aprovar esses impostos, sob a promessa de destinação de parte deles aos estados e municípios. Pergunta-se então: essa gente é mesmo representante do povo? Ou estão traindo o eleitor que o elegeu, usurpando o poder e cuidando dos seus próprios interesses? Sem dúvida, é uma questão de falta de caráter.


Certamente que estamos de novo frente a um número gigantesco de saúvas, praga esta não erradicada convenientemente, pois, percebe-se que elas se multiplicaram sobremaneira, de tal forma que não se está sabendo como combatê-la. Mas essa gente está brincando com o povo brasileiro, que está aparentemente indiferente a tudo o que está acontecendo, mas que em dado momento pode levantar-se e aí a coisa vai ficar muito séria. Daí porque, o Governo Federal e alguns políticos, estão preocupados com a maior mobilização social dos últimos tempos, a qual começa a tomar vulto na internet, com data de saída às ruas ainda não marcada, com o propósito de exigir mudanças efetivas e sérias para acabar com a roubalheira, os desperdícios e os desmandos na atividade pública. Induvidosamente, é preciso aplicar um inseticida mais poderoso, já que eles se acostumaram com aquele até então utilizado, mas que seja sem violência, sem depredação do patrimônio público e privado, sem vandalismos, sem black-blocs, porque senão estaremos lutando contra a sociedade e nos igualando às saúvas.

Dr. Adilson Miranda de Oliveira, advogado, presidente das Comissões de Direitos Humanos, e de Direito e Prerrogativas da OAB-Ibicaraí, e Vice Presidente da Associação dos Advogados da Bahia.